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sexta-feira, 2 de maio de 2025

Instinto Materno - Parte 4


 Seu trabalho era intermediar briefing de clientes e convencê-los a se manter na empresa. Para isso, naquele contexto, um toque de artimanhas femininas era fundamental. O que incluía cuida de todas as necessidades e carências, que algumas vezes ultrapassava o limite profissional.  Desde receber prêmio da mão de representantes da empresa, considerando jantares para assinatura de contratos e acompanhamento dirigindo Escort, em alguns casos. E o apego do cliente era tão grande que eles queriam relacionamento. A vida profissional e pessoal se misturavam um pouco dentro do ambiente da empresa também. Já que relacionamento dentro da recinto eram permitidos, logo, premiações também tinham influência daqueles que mais faziam favores. Seja por participar de brainstorms do chefe, dos quais eles assumiam toda a autoria , até testes de ' precaução ' pra avaliar gostos e modelos de segurança. O trabalho ficava de lado quando o assunto era competir. E os homens adoravam manter a disputa por sua atenção. Enquanto as mulheres da empresa se mantivesse dedicadas, os homens a tratavam como deusas.  


Todas cediam as facilidades, menos Joana. Ela era de uma contratação mais antiga de quando uma mulher comandava o negócio da agência , antes de vender sua parte ao mudar de ramo e ocupar o cargo senior em um banco estadual. E no seu contrato de trabalho, essas cláusulas eram proibidas, a época, isso a mantinha em segurança. Joana sentia falta da antiga gestão, mas o salário era bom, tinha um filho pra cuidar e melhores oportunidades não tinha surgido. Ela observava tudo em silêncio e cara fechada. Para evitar oportunismos. Era a última a sair, nunca participava das festas, nunca jantava com clientes. Mas os trabalhos em sua mesa empilhavam. Isso porquê, todas as mulheres da empresa pediam ajuda a ela pra agrada ao chefe, quando o assunto era trabalho. E sempre pagavam ou dividiam o prêmio. Ninguém nunca soube que ela estava por trás de 90% do sucesso da empresa. Andava sempre com estilo de roupa streetwear oversized, calçava conforto e praticidade , pois sempre tinha muito o que fazer,mas nas reuniões formais se vestia de forma clássica , nunca tinha atenção dos chefes, era totalmente ignorada nas premiações  e mal abria a boca nas reuniões gerais. Mas lucrava. 


Até que Joana começou a presenciar quando a situação começou a sair de controle. Um certo cliente começou a exigir atenção de uma dessas profissionais de atendimento e alegou se sentir traído. Esse cliente ligava aos finais de semana, exigia reuniões, stalkeava e chorava no telefone perguntando o que ele tinha feito, pra que ela quisesse sair com outros homens, no caso, o namorado. Em outro momento um cliente quis que ela exercesse serviços  fora dos negócios. Teve casos em que o cliente queria casar e com a recusa ( e o riso), ligou para todas as outras empresas  exigindo que todos se afastassem dessa  ' usurpadora '. 


Diante dessa situação, a comissão de proteção interna da empresa, tomou uma posição " drástica "! Proibiu que houvesse relacionamento entre funcionário e clientes. E fizeram uma campanha com regras de como tratar suas musas, porque antes de tudo eram funcionárias dessa agência , o front end da empresa e mereciam 'respeito' dentro dos seus hábitos. Algum tempo depois , tendo em vista a mesma fonte da reclamação, elas foram proibidas de terem relacionamentos estáveis em geral, com o objetivo de generalizar as regras, e manter as expectativas do cliente, alta. As que se atreviam, perdiam o luxo e a estima, porquanto o objetivo seria se manter disponíveis às necessidades do cliente. 


Crises de burnout começaram a se multiplicar, enquanto funções profissionais começaram a ser esvaziadas. "É vocação da mulher cuidar e servir." Dizia o estatuto: " funções de administração e assumir a criação são hierarquicamente o papel do homem" ; " Os cargos de atendimento, secretariado devem ser ocupado por mulheres que.." descrevendo desde de idade a atributos pessoais, " as mulheres devem se comportar em reuniões formais dessa forma.." .  ".. e os jantares devem ter características.." com descrição dos fatos. Os papeis sociais estavam estabelecidos. 

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domingo, 30 de março de 2025

Instinto Materno - parte 3

 


" Somos uma empresa voltada para o entretenimento.." falou o galã ".. nessa empresa as políticas são flexíveis, relacionamentos entre funcionários, é permitido.." e deu uma piscadinha ".. no entanto podem acontecer reuniões noturnas com chefes e clientes.." continuou ".. mas em compensação, essas reuniões são pagas como extras." como um ar um pouco mais sereno "... algumas pessoas são chamadas para serem nossas representantes e esse cargo é um deles. " encarando Luana e tentando ler suas reações , voltou a sorrir dizendo ".. mas temos um programa de proteção das mulheres e acolhimento. Nossas princesas tem tratamento especial e são a estrela da nossa agência.." falava e falava, de todos os benefícios , esquecendo ser ele o recrutador e olhava Luana, com interesse. 




Luana entendeu o recado, mas sua voz se perdia em seus pensamentos , enquanto dizia para si "tudo pelo trabalho". Saiu daquela sala, sabendo que o recrutador estava satisfeito com sua entrevista. Não tinha lhe pedido mais nada. Andando devagar, segurava com as duas mãos o seu currículo e todos os seus certificados. Então parou e se virou para a porta e exclamou: " o currículo!". "ah, deixe na recepção" falou ele. Em baixo do seus passos, estava  marca da lágrima , já seca, no assoalho de madeira. Ao caminhar pisou em cima daquela marca com a ponta do seu scarpin de couro  amadeirado ,em direção a recepção, do qual já havia evaporado. Ser alta não lhe custava. Naquele momento estava em uma posição confortável, em encarar olho no olho, qualquer estatura de seu oposto. E se comunicava com confiança em suas habilidades. Qualquer coisa a mais, dizia ela, é luxo e capricho. 

Nas semanas seguintes, foi apresentada ao programa de valorização das mulheres. As mulheres eram idolatradas e tidas como musas, nesse lugar. Faziam parte do programa de embelezamento, recebendo roupas e sapatos, atendimento de salão e estética pagos ou com descontos dados pela empresa. Eram recebidas com festa na empresa, as funcionárias que fechavam mais contratos, recebiam viagens de presente e as mais dedicadas recebiam até carros.


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sexta-feira, 21 de março de 2025

INSTINTO MATERNO - parte 2

 


Ambas se cruzaram no dia da entrevista, enquanto uma chegava a outra estava de saída, as pressas. Luana pensou, ' isso pode ser uma funcionária antiga sendo demitida'. Sentiu o pouco de pena, pelo estado emocional da garota. Quis que oferecer uma palavra de conforto, mas era uma desconhecida. E passou tão rápido que não deu tempo nem de completar a frase em pensamento, enquanto notava uma de suas lágrimas no assoalho. 


Já Mayara, nem tinha notado a sua presença, seu semblante era sério e determinado. Em sua mente, só verificava os saltos formais que tinha nos pés, com intuito de parecer mais alta que o normal, mas que não lhe dava a mesma dinâmica , que praticava  em suas corridas. Que erro aquele salto provocou em suas expectativas! Naquele momento ela corria de ou para alguma direção, sempre focada em seus objetivos, que era como se sentia segura para tomar decisões. O momento em que pensava menos no impacto no seu joelho do que calçando um salto. Menos preocupações , dizia ela, capacidade de focar no que queria em todos os âmbitos da sua vida. Multifocada em seus pensamentos, não queria que aquelas preocupações lhe causassem descuidos que provocassem tendinites, que deixassem seu corpo fora de controle. As decepções não lhe impediam de correr.  Ela apenas corria do que não se encaixava. Aquele salto, não era o que queria. Passos de pensamento que duraram o tempo de um lágrima.


Quando Luana entrou na sala da entrevista, foi recebida por jovem galã sorridente. Super falante, discursava sobre o imaginário criativo daquela empresa. Eram dois minutos ,entre uma pergunta de seleção e a outra, dizendo sobre os altos salários ,prêmios ,a Networking. "Mesmo que não faça carreira aqui, você poderá trabalhar em qualquer lugar, dizia ele. Pareceu extremamente promissor para Luana, atendia a sua necessidade de suprir as expectativas de futuro que seu pai planejou para ela. 

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sexta-feira, 14 de março de 2025

INSTINTO MATERNO


O que pode se dizer do instinto materno, além de  que se trata da disposição que uma mulher tem para ficar disponível a uma  pessoa, em detrimento do seu bem estar, considerando uma situação de vulnerabilidade?  O que é típico da condição de ser mãe. Mas não significa que esse instinto feminino seja sua única função. No contexto de ser mulher , os papeis que a ela quer assumir, os que podem assumir, os que conseguem assumir e o que lhes são impostos, são barreiras limitantes do seu potencial, gerados por conflitos de interesses sociais. Qual é o local da mulher? Vislumbrar a sociedade como um berço do seu legado, tratando a todos como se fossem seus filhos? Quais são as vulnerabilidades sociais? Necessidades fisiológicas , de status e de auto aceitação que precisam ser preenchidos? Quais os contexto sociais que existem ? Na família? No trabalho? Nas relações sociais? Cabe a própria mulher , e não ao homem se posicionar decidindo o que quer se tornar . Porém a sua atitude sempre virá com riscos e desafios a serem superados. Um caso a se pensar, sem julgamentos. Veremos.

Era um dia ensolarado, quando duas mulheres, uma de cada lado da cidade, decidiram que iam se candidatar em uma mesma empresa de publicidade,  ao cargo de atendimento. Uma soube por acaso , em uma conversa informal com amigos. A outra estava dedicada  já a algum tempo, pesquisado as agências da cidade e aquela empresa era uma das quais tinham aquele imaginário coletivo de um lugar cheio de criatividade ,alegria e respeito a próximo. Embora fosse muito consciente de qualquer empresa dessas tem um ambiente muito competitivo, resolveu tentar. Ambas tem a mesma idade, a mesma formação e habilidade profissional. Mas são filhas de pais com criação completamente diferentes.

Mayara, cujo os pais são mais velhos e viveram intensamente os anos 70's viveu em um ambiente cheio de referências dessa época, tanto musicais, quantos comportamentais, sobre conceitos de paz, liberdade sexual, preocupação com a coletivo e o meio ambiente. Então ela se via em volta por essa identidade, que mesmo se considerando uma pessoa mais urbana, existe uma certa admiração do qual ela se inspirava para viver a sua vida ,com um maior grau de moderação, até mesmo pelo fato de ser de outra geração.



Já a Luana, é filha de pais do anos 80's. Sua geração se dedicava mais ao trabalho, sendo extremamente pós modernista, focados em acumular riquezas através do trabalho. Era uma família que tinha uma condição de vida estável, mas porque eram extremamente regrados e metódicos com as finanças. Por isso conseguiram passar o tempo de crise estabilizar. Luana sentia o peso dessa pressão, que se refletiam em suas escolhas profissionais. Fazer o que gosta é em casa, diziam os pais, na rua a prioridade é por algo que renderia dinheiro.


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