Joana, que era mãe e sabia ser multitarefa , já tinha uma rotina como mãe e como profissional. Separava as funções como ninguém. Ela sabia o que queria ser para sua família e o que queria ser para a sociedade. E como aproveitar suas habilidades para administrar tudo isso. A última coisa que ela sentia, era medo. Tinha plena consciência que aquele molde não seria capaz de prover tudo o que queria ser e realizar. O estopim para a decisão de sair da empresa, ocorreu após ouvir reclamações de que ela não se adequava aos padrões da empresa. Ao mesmo tempo, a sua imagem poderia ser vinculada as práticas da organização. Joana e Luana tomaram essa decisão.
Enquanto para Joana foi o início de uma nova oportunidade, para Luana, já era tarde. Foi o início do medo. Em suas mãos não tinham mais nada. Todo o seu tempo foi gasto em disputas por prêmios, que não acrescentaram experiências profissionais o suficiente para continuar essa carreira. Porque, pelo esquema, tudo ficava a cargo de Joana. O modo pela qual ela seria tratada daqui pra frente, já estava determinado pelo mercado.
A divisão entre a vida pessoal e a profissional estava quebrada. A ideia de escalar pelo caminho mais fácil, se tornou um prisão que a limitou a um estereótipo. O inferno eram os outros. A forma de falar, a forma de tratar, as coerções, os pequenos 'favores', as chantagens emocionais que cresciam em proporções até se transformar em ameaça e violências. Pensando ,agora, em voz alta se perguntou aonde estava a liberdade de fazer o que queria com a própria vida, com a própria e voz e com o próprio corpo? Se transformou em poeira, no pagamento do suborno ; na piada do assédio ; na justiça do juiz feito com o palco montado com justificativa deles, por eles, para eles, as "vítimas' da crueldade e da trapaça de uma mulher que não mais merecia ser sua musa e por isso deveria perder tudo e sofrer ; na qualidade dos seus relacionamentos afetados pela rejeição ; na falta de profissionalismo, de limites, das pequenas ambições, do super foco em coisas que não tem a menor importância. Era isso mesmo que Luana queria ser? Era alí mesmo que Luana queria estar? Era por isso que estava lutando? Era isso que era ser livre?
Todos os direitos reservados