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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Brave - contos infantis da modernidade


A palavra ' bravo' é comum ser usada tanto no sentido de estar furioso quanto no sentido de ter um ato de bravura, coragem. E é engraçado como esses conceitos se misturam, ou se completam, em uma única palavra. Talvez porque seja preciso ter um pouco de raiva para se ter coragem. É como o fundamento da característica de um indivíduo, a base das suas motivações. E como dizia Clarice Lispector: “Até cortar os defeitos pode ser perigoso, nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”

Alladin

Talvez, antes de cortar os defeitos seja necessário entender em que momento devemos apropriar ou em que medida abandonar. Até transformar aquilo que era considerado defeito em uma qualidade.


A história de Brave gira em torno de uma princesa em tenra idade de escolher um pretendente a príncipe do qual ela recusa insistentemente a ceder as pressões da mãe. Isso causa uma atrito entre ambas que reflete a busca de autonomia, pela garota versus a tradição que a mãe pretende conservar. Na tentativa de resolver a situação ela acha uma bruxa que joga um feitiço na própria mãe e as duas iniciam uma aventura pra resolver juntas a situação, o que acaba unindo ambas.


A muito que o enfoque dos desenhos mudou. Primeiro eram os contos europeus como branca de neve, Cinderela entre outros com um final feliz. Diferente dos contos originais, que nem sempre foram para alimentar os sonhos de princesa. Antes de tudo o que a gente conhece hoje, os contos eram passados de geração por geração de forma oral, pra

Labirinto de fauno 

ensinar sobre os dilemas de uma certa época. Esses contos que a gente conhece hoje, não eram pra falar só sobre amor. Falavam sobre ascensão social através do casamento; através de bailes a apresentação à sociedade aos 15 anos pela busca de uniões estáveis; também dos perigos de violência contra mulher, sobre atravessar a fase da adolescência até chegar a fase adulta ; sobre feitiços ; sobre diferença de classes; sobre a brutalidade das relações humanas ; o sonho de ‘liberdade pebleia’, luta entre reinos; preconceitos; tradição e costumes; e o amor entre classes diferentes que era uma contravenção romântica , que nas versões originais acabavam em tragédia. Depois esses mesmos contos foram repaginados do ‘ felizes para sempre’ até chegar a uma aura de poder feminino assumindo o controle da própria vida.

Ariel


É certo que no mundo contemporâneo, as aspirações são outras, assim com os dilemas. Mas não é apropriado reduzir tudo isso, para fazer girar em torno da sexualidade nessa idade. Também a relação que se estabelece com o sobrenatural e com a magia estimula sempre a procurar respostas mais fáceis para problemas complexos. E essa é uma fonte de frustração quando na vida, a ilusão nunca se torna em algo real. O amor não aparece como passe de mágica, os sonhos não caem do céu, a vida não se resume a zelar apenas por si. Existe um motivo para, pelo menos no Brasil, a propaganda infantil seja proibida. 


A exibição só tem o objetivo comercial de incentivar a sociedade do consumo. O que é prejudicial para o desenvolvimento infantil. Não dá pra esperar que um menor de idade tenha a compreensão e mesma capacidade de absorção de informação do que a de um adulto, esse é o um dos maiores erros que são esperados como resultados. Eles não são formados moralmente nem psicologicamente, porque essa é uma fase de repetição. E muitas vezes as necessidades individuais de compreensão da vida são suprimidas em nome do interesse político que não está bem claro aonde quer chegar. Os contos estão localizados em um ponto de referência que inspiram sonhos e desejos que vão acompanhar a criança por toda a vida. E o melhor uso delas é acompanhando uma certa dose de responsabilidade.

Quais foram os desenhos que marcaram a sua infância?