=

Click here to find the review atualizations

sábado, 8 de outubro de 2011

Well, i HOPE so

HOPE ensina:


Com essa polêmica envolvendo a campanha da Hope, a primeira reação que provocou em mim foi pensar o quanto o idealizador foi prejudicado. Tipo, a campanha foi aprovada pelo chefe, pelo cliente, um orçamento foi aprovado e investido mas ao chegar no público recebe uma rejeição inesperada. E quem é o culpado? O que teve a idéia, é claro! Isso tem conseqüências. Imagina ter uma restrição do CONAR no currículo. O rapaz pode perder a credibilidade e a oportunidade de ter nas mãos outro trabalho grande por um bom tempo. Além do estrago de passar a ser visto com desconfiança e descrédito pelos colegas tendo sua carreira prejudicada.Achei irresponsável e oportunista levar a público uma causa que não foi amplamente discutida e não tem o apoio de uma parcela considerável da sociedade. Portanto não é um consenso. Se fosse legítimo esse caso, porque essa campanha da schinn também não está lá? Qual é a diferença? A roupa? Porque o argumento é o mesmo. A verdade é que a Schinn abusa desse discurso do homem ser facilmente enganado, mas a pior é essa aqui. Essa sim é um deboche aos consumidores. O discurso é que homens são bobos e mulheres são oportunistas. Falar sobre as campanhas de cerveja daria um texto à parte. Voltemos para o caso HOPE, então.
Tentar convencer um homem de que essa propaganda tem alguma coisa errada deve ser muito difícil. Até porque ela provoca neles exatamente aquilo a que se propõe que a lingerie faça. Ponto pra HOPE. Eu fiquei tentado enxergar a problemática vista pelo movimento feminista: o sexismo, a submissão e a perpetuação do papel da mulher como dona de casa, inferior ou menos capaz. Aliado a isso, o fato de que a publicidade não deve ser vista como modelo confiável por ter objetivos mercadológicos ao perpetuar um discurso.
Pelo menos com uma coisa eu concordo. Mulheres são sim o maior alvo da publicidade. Mas esse fato, na verdade pesquisa, não é baseada no incentivo ao consumo compulsivo e sim na influência de consumo. Explico, mulheres são responsáveis indiretamente entre 30% e 70% da decisão de compra. Elas tem esse poder de influência sobre os homens na escolha de um carro, do apartamento e até do destino da viagem entre outras coisas, mesmo não sendo a consumidora final. Então não se trata só de comprar sapatos ou coisas de mulherzinha. Todos os produtos de limpeza e aquelas inúmeras bugingangas da Polishop tem como objetivo economizar tempo deixando a mulher mais livre para o lazer. Preste atenção se não é isso que dizem nos comerciais. Essa cultura, digamos assim, surgiu na 2º guerra porque as mulheres precisaram sair pra trabalhar e sustentar seus filhos enquanto o marido estava na guerra ou se tornaram viúvas, no EUA.
Na publicidade sempre existe, ou deveria existir,uma base de dados consistente sobre o cliente. E a partir daí existem dois caminhos a seguir: inserir o produto no cotidiano já existente ou criar uma necessidade. A Apple criou um mercado e com um discurso muito voltado para mulher, embora isso não seja claramente perceptível. A mastercard e a campanha linda ‘não tem preço’ foi feita por uma mulher e para mulher. Com uma linguagem universal, rodou o mundo. Já a HOPE inseriu o seu produto no cotidiano de uma mulher comprometida (casada ou namorando) e bem sucedida que é o seu público alvo.
A campanha fala diretamente com a mulher. – Da mesma forma que slutwalk também atingiu mais as mulheres para um incentivo à denuncia da violência. - Através de uma representante (Gisele) que é casada, rica, tem classe, é independente financeiramente e provavelmente ganha mais que o marido. Essa identificação não aconteceria se fosse uma desconhecida ou uma mulher fruta. Não é um discurso de corpo perfeito e leva as consumidoras à idéia de que a lingerie influência na sensualidade. Até aí, qual o problema? Se a questão é ter colocado o homem como ‘herói’, talvez eu mudasse o contexto. Não tanto a da sogra,mas a do acidente de carro e do cartão. Tentaria um roteiro engraçado, mas que não desse margem a dupla interpretação. E que fosse voltado para algo que realmente deixasse o homem chateado ou envolvido na situação. Ou ainda que o incentivasse a uma atitude mais proativa na relação, como por exemplo:
- amor, pintei a sala com as cores daquele time que você odeia
-amor, a empregada está de folga, lava os pratos pra mim?
- amor,[ que frase vocês colocariam aqui?]
Não é uma campanha que eu daria o premio da criatividade.Imagino que um homem em uma sala de reunião cheia de homens, o idealizador teve seus vícios e deixou passar o ponto cego. Mas não acredito que foi com má intenção. Well, i hope so..